Brazilian Army Study Details North American Military Presence in South America [Estudo do Exército detalha presença militar norte-americana na América do Sul]

Brasília — Há muito tempo a América do Sul tem sido uma área estratégica para os Estados Unidos, o que levou os norte-americanos a trazerem militares na região.  Exemplo maior talvez tenha sido a Doutrina Monroe, aprovada pelo Congresso norte-americano em 1823.  Surgida como forma de impedir a recolonização européia da América, com o tempo serviu para o intervencionismo norte-americano em diversos países, e prolongou até mesmo durante a guerra fria, quando foi reutilizada pelo presidente John Kennedy (1962) para justificar a luta contra o comunismo na região, especificamente contra Cuba.

Atualmente, os EUA não justificam mais sua presença militar na América do Sul com a Doutrina Monroe, mas, principalmente, com a necessidade de combater o narcotráfico.  Um estudo militar brasileiro fornece detalhes sobre a localização dos militares norte-americanos na região. O trabalho, apresentado em 2002 na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro, questiona se “o verdadeiro cinturão de forças em torno das fronteiras brasileiras, particularmente na área amazônica, seria utilizado para outros fins, ainda não declarados”.

O professor aposentado da Universidade de Brasília Luiz Alberto Moniz Bandeira, que há mais de 50 anos tem os Estados Unidos como objeto de estudo, vê com preocupação a presença norte-americana na região.  “As bases permitem a manutenção de grandes orçamentos para o Pentágono. Por causa da indústria bélica, eles precisam gastar seus equipamentos militares para novas encomendas. É um círculo vicioso”, explica.

Em outubro, Brasil e Uruguai se manifestaram contra a possibilidade da construção de uma base americana dentro do Mercosul, no Paraguai – boato negado pelo governo paraguaio.  A suspeita surgiu a partir de um acordo que o país fez para que militares dos EUA façam treinamentos conjuntos na região da Tríplice Fronteira até 2006.  Os Estados Unidos têm acordos similares com diversos outros países da América, muitos deles vizinhos brasileiros.

Clique aqui para acessar o gráfico que detalha a presença dos norte-americanos em cada região.  O mapa traz os principais destaques do estudo do Exército brasileiro, atualizado com dados do livro Formação do Império Americano, de Moniz Bandeira.

* Colaborou Bianca Paiva

Brasilia — South America has been a strategic area for the United States for a long time, the reason the North Americans brought their military into this region.  The greatest example perhaps has been the Monroe Doctrine, approved by the North American Congress in 1823.  Appeared formally as a means to impede the European recolonization of America, over time, it served North American interventionism in diverse countries and continued even through the Cold War, when it was reused by President John Kennedy (1962) to justify the fight against the communism in the region, specifically against Cuba.

Now, the USA does not justify its military presence in South America by the Monroe Doctrine any longer, but, mainly, by the necessity to fight drug trafficking.  A Brazilian military study supplies details on the locations of the North American military in the region.  The work, presented in 2002 at the Army General Staff School in Rio De Janeiro, asks if “the veritable ring of forces around the Brazilian borders, particularly in the Amazonian area, would be used for other still undeclared ends.”

Luiz Alberto Moniz Bandeira, a professor emeritus at University of Brasilia who has studied the United States for more than 50 years, sees the North American presence in the region with concern.  “The bases allow the maintenance of great budgets for the Pentagon.  For the sake of the military industry, they need to waste their military equipment for new orders.  It is a vicious circle,” he explains.

Last October, Brazil and Uruguay protested against the possibility of the construction of an American base inside the MERCOSUR, in Paraguay — a rumor denied by the Paraguayan government.  The suspicion arose from an agreement that Paraguay made so that the US military can conduct joint exercises in the Trí-Border region through 2006. The United States has various similar agreements with other countries of Latin America, many of them neighboring Brazil.

Click here to access the graphic that details the presence of the North Americans in each area.  The map shows the highlights of the study of the Brazilian Army, brought up to date with data from the book Formation of the American Empire by Moniz Bandeira.

* Bianca Paiva contributed to this article.

North American Military Presence in South America


André Deak is a reporter for Agência Brasil. The original article in Portuguese was published on 18 January 2006. Translation by Yoshie Furuhashi (@yoshiefuruhashi | yoshie.furuhashi [at] gmail.com).